sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O ORNAMENTO NA ARQUITETURA DE SULLIVAN

COMO FOI DITO NO COMEÇO DO TRABALHO, A DISCUSSÃO SOBRE O SENTIDO DO ORNAMENTO NA ARQUITETURA JÁ ERA TEMA E PREOCUPAÇÃO DE ALGUNS ARQUITETOS DO INICIO DO SÉCULO XX, DENTRE ELES LOUIS SULLIVAN. CRIADOR DO TEXTO ORNAMENT IN ARCHITECTURE (1892), ELE QUE FOI UMA DAS INFLUÊNCIAS ENCONTRADAS POR ADOLF LOOS DURANTE SUAS IDAS AOS ESTADOS UNIDOS.
SULLIVAN FOI UM REPRESENTANTE DA ARQUITETURA RACIONALISTA NORTE-AMERICANA PELO QUAL LOOS HAVIA SE INTERESSADO E INCORPORADO EM SUA ARQUITETURA ALGUMAS DAS CARACTERÍSTICAS, COMO O GOSTO PELA HORIZONTALIDADE, O AMOR PELA UTILIZAÇÃO DOS MATERIAIS NATURAIS NOS INTERIORES, O CONTRASTE ENTRE AS ESTRUTURAS DE MADEIRA E AS PARTES ENGESSADAS DE BRANCO DOS ARTESONADOS, E SOBRE TUDO, UMA ARTICULADA CONCEPÇÃO ESPACIAL LIVRE E VISUALMENTE RICA.

“DURANTE SUA ESTADIA NOS EUA, DE 1893 A 1896, LOOS ENTROU EM CONTATO COM ARQUITETOS COMO LUIS SULLIVAN E ROOT, PARA QUEM O FALSO USO DOS MATERIAIS E O EXCESSIVO USO DO ORNAMENTO ERA UM CRIME E A RENÚNCIA À DECORAÇÃO POSSIBILITARIA QUE A ARQUITETURA ENCONTRASSE SUA EXPRESSÃO PRÓPRIA.” (ARQUITETURA ANTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, SITE http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/6486_4.PDF?NrOcoSis=17967&CdLinPrg=pt)

TALVEZ SUA ATRAÇÃO PELOS ESTADOS UNIDOS FOI DEVIDO À POSSIBILIDADE DE NOVAS CRIAÇÕES ARQUITETÔNICAS VINCULADO A UMA FORTE LIBERDADE PRODUTIVA QUE POSSIVELMENTE LEVARIA O PAÍS AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO/POLÍTICO/INTELECTUAL MAIS ACELERADO. ESTE PAÍS, AO CONTRARIO DOS PAÍSES DA EUROPA, POSSUÍA RAÍZES CULTURAIS NÃO TÃO PROFUNDAS E QUE PORTANTO NÃO ESTAVAM PRESAS AO PASSADO.
SULLIVAN, O ARQUITETO DOS ARRANHA-CÉUS, FOI UM DOS ARQUITETOS INTERESSADOS EM COMPREENDER O SIGNIFICADO E AS CONSEQÜÊNCIAS QUE A MÁQUINA IMPLICAVA PARA AS RELAÇÕES ENTRE A ARQUITETURA E A DECORAÇÃO.

“(...) EM 1892, SULLIVAN DIZIA JÁ EM ORNAMENT IN ARCHITECTURE QUE “DO PONTO DE VISTA ESPIRITUAL A DECORAÇÃO É UM LUXO E NÃO UMA NECESSIDADE”, E QUE “SERIA UM GRANDE BEM PARA A NOSSA ESTÉTICA QUE NOS ABSTIVÉSSEMOS TOTALMENTE DO EMPREGO DA DECORAÇÃO DURANTE ALGUNS ANOS, A FIM DE QUE O NOSSO PENSAMENTO SE PUDESSE CONCENTRAR PROFUNDAMENTE NA PRODUÇÃO DE EDIFÍCIOS QUE, NA SUA NUDEZ, FOSSEM ESBELTOS E BEM FORMADOS”. (PEVSNER, 1980, PÁG. 33)

A ANÁLISE FEITA PELO AUTOR NIKOLAUS PEVSTER NO LIVRO OS PIONEIROS DO DESENHO MODERNO DE WILLIAM MORRIS A WALTER GROPIUS SOBRE O ESTILO ORNAMENTAL DA ARQUITETURA DE SULLIVAN CONSIDERA QUE: “OS MOTIVOS ORNAMENTAIS DE SULLIVAN ERAM DO TIPO CONHECIDO POR ART NOUVEAU” (PEVSNER, 1980, PÁG. 34). ENTRETANTO, OUTROS AUTORES COMO FRAMPTON ABORDAM O TEMA DECORATIVO DESTE ARQUITETO DE OUTRA MANEIRA.
PARA KENNETH FRAMPTON NO LIVRO HISTORIA CRÍTICA DE LA ARQUITECTURA MODERNA O ESTILO ORNADO DE SULLIVAN NADA TINHA HAVER COM O ART NOUVEAU, TERIA SIM UM OUTRO DESENHO, INFLUENCIADO PELO ISLÂMICO. A LINGUAGEM DA ARQUITETURA DE SULLIVAN ERA APROPRIADA PARA A ESTRUTURA DE GRANDE PORTE DOS SEUS ARRANHA-CÉUS. A ORNAMENTAÇÃO ACONTECIA DE MANEIRA PROPORCIONAL E COM VITALIDADE ACOMPANHANDO A GEOMETRIA DO EDIFÍCIO.

“NO OBSTANTE, EN CONTRASTE CON EL FLUIDO ORNAMENTO DE WAGNER, SIEMPRE HAY UM TOQUE DECIDIDAMENTE ISLÁMICO EN LA DISPOSICIÓN DE SULLIVAN RESPECTO A LA DECORACIÓN” (FRAMPTON, 1991, PÁG. 54)

A VISÃO QUE FRAMPTON IMPRIME SOBRE AS CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS DE SULLIVAN SÃO MAIS ADEQUADAS QUANDO FAZEMOS UMA ANÁLISE DE SUAS OBRAS. PERCEBEMOS QUE A FACHADA DE ALGUNS DE SEUS EDIFÍCIOS EXPLORA UMA DISTINTA REPARTIÇÃO TRÊS VOLUMES (A BASE DE PEDRA, O VEIO E O CAPITEL) COMO EM UMA COLUNA CLÁSSICA QUE NASCE DO SOLO E TERMINA BRUSCAMENTE EM UMA CORNIJA MACIÇA E COMPLETAMENTE ADORNADA COM UM MATERIAL CHAMADO TERRACOTA.
ESSA LEITURA DO TRIPARTIDO É VISTA COM CLAREZA NO EDIFICO WAINWRIGHT BUILDING (ST. LOUIS, MISSOURI, 1890-91).


O CARÁTER DA ORNAMENTAÇÃO DE SULLLIVAN ALTERNA ENTRE O ACHADO ORGANICAMENTE LIVRE E CONFORMA-SE COM O PERFIL DE UMA GEOMETRIA PRECISA. O USO DE MATERIAIS COMO A PEDRA APARENTEMENTE LAVRADA ENFATIZAM ESTA QUALIDADE ORGÂNICA DE SUA ARQUITETURA.
DA MESMA MANEIRA COM QUE O PENSAMENTO DE SULLIVAN SOBRE A NUDEZ DOS EDIFÍCIOS FOI REVOLUCIONÁRIO E ESTÁ PRESENTE NAS FACHADAS DOS SEUS PRÓPRIOS EDIFÍCIOS ATRAVÉS DAS SUPERFÍCIES SIMPLES E TRANSPARENTES, A SUA CONSTITUIÇÃO DE UMA NOVA DECORAÇÃO TAMBÉM O FOI. NAS FACHADAS DOS SEUS ARRANHA-CÉUS A DECORAÇÃO ERA QUEM A MODULAVA E A DEFINIA EM RELAÇÃO À LUZ.
SE POR UM LADO LOOS REPUDIA TOTALMENTE A PRESENÇA DO ORNAMENTO NA ARQUITETURA MODERNA, DEVIDO A SUAS EXPLICAÇÕES DE CUNHO SOCIAIS E ECONÔMICAS, SULLIVAN VÊ O ATO DE ADORNAR DE OUTRA MANEIRA. ELE ACREDITA QUE O ORNAMENTO DE UM EDIFÍCIO MODERNO PODE EXISTIR, MAS DIFERENTEMENTE DAQUELE CLÁSSICO.
PARA SULLIVAN, O ORNAMENTO CLÁSSICO NADA TEM HAVER COM O QUE ELE UTILIZA EM SEUS EDIFÍCIOS PORQUE ELE COMPETE COM AS PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS DESSA NOVA ARQUITETURA, QUE ANSEIA MOSTRAR SUAS NOVAS TÉCNICAS, MATERIAIS E O NOVO MODO DE VIDA. ELE TENTA ENCONTRAR A JUSTA MEDIDA ENTRE A FORMA ORGÂNICA LIVRE E A GEOMETRIA PRECISA PARA QUE O ORNAMENTO REALCE A EDIFICAÇÃO.
O FATO DE ACREDITAR QUE EXISTE UM NOVO TIPO DE ORNAMENTAÇÃO PARA A NOVA ARQUITETURA DO SÉCULO XX NÃO DESVINCULA SULLIVAN TOTALMENTE DE LOOS, JÁ QUE AMBOS PENSAVAM QUE HAVIA A NECESSIDADE DA CRIAÇÃO DE UMA TÉCNICA MODERNA E INOVADORA PARA A NOVA ERA, A ERA DA MAQUINA, DA PRODUÇÃO EM MASSA.

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